O que esta história fabulosa tem de estranho é a figura enriquecedora da Mãe e o sentido maternal que nela tem o símbolo da água e do rio.
(...) Hoje em dia, o conhecimento do acto criador pertence aos domínios da psicologia feminina "porque a obra criadora sai das profundidades do inconsciente que são o próprio domínio das mães" (C.G. Jung, L’Âme et la Vie, 1963, p. 219). Contudo, o passeio por Alvite teve como resultado histórico a fixação literária por Agustina da imagem do povoado de Alvite em 1959.»
Alberto Luís, Introdução A Mãe de um Rio
«Em 17 de Julho de 1925, no caminho de Ranados, arredores de Viseu, apareceu um homem assassinado, em circunstâncias que nunca ficaram esclarecidas. O facto deu-se no solar da Malhada, antiga propriedade da viscondessa Eugénia Viseu, senhora excelente em virtudes, em enigmas e em beleza, e que morreu solteira, deixando à Misericórdia tanto a casa da Malhada como avultados bens.
A sua dama de companhia ou criada grave, teve amores com o filho dum caseiro da família de Eugénia, que enriqueceu em S. Tomé, em sociedade com um roceiro de cacau. Ele veio a comprar o solar e outras propriedades, graças à grande fortuna obtida não se sabe se em negócios delituosos. Perfilhou a filha Silvina nascida das relações com a dama de companhia, e deu-lhe posição legítima na Malhada. As relações de ambos fizeram parte da lenda erótica do lugar.