Encontra-se em preparação o espectáculo “A importância de ser Agustina Bessa-Luís”, dirigido e interpretado por Miguel Bonneville em co-autoria com Diogo Bento e Tiago Vieira, também eles intérpretes.
Miguel Bonneville é natural do Porto onde concluiu o Curso de Interpretação na Academia Contemporânea do Espectáculo. Desde 2003 tem vindo a realizar vários projectos no âmbito da performance, fotografia ou música, nos quais explora essencialmente questões identitárias a solo ou em colaboração com outros artistas. Participou em residências artísticas em Portugal, Espanha, Alemanha, e Lituânia e tem vindo a apresentar as suas criações artísticas em galerias de arte e festivais internacionais.
Diogo Bento é natural de Torres Vedras, licenciado em Estudos Portugueses pela Universidade Nova de Lisboa, com Bacharelato em Teatro – Formação de Actores na Escola Superior de Teatro e Cinema de Lisboa, e tem vasta colaboração em teatro com diversos artistas, contando-se ainda a colaboração com o Teatro Praga e o trabalho de encenação com o Grupo de Teatro da Nova. Actualmente dá aulas de Artes Performativas na Escola Superior de Teatro e Cinema.
Tiago Vieira é formado pela Escola Superior de Teatro e Cinema. Complementou a sua formação em vários workshops de teatro, dança e performance. Tem experiência na encenação de espectáculos e na interpretação, e em 2014 ganhou o prémio de melhor encenação do Festival de Teatro Académico de Lisboa. A partir de 2009 tem desenvolvido um trabalho pedagógico em diferentes grupos de Teatro Universitário e com crianças de diferentes idades.
A preparação deste espectáculo contou já com dois eventos de “Portas Abertas” com o objectivo de mostrar o resultado de duas residências artísticas, no Espaço Alkantara e Latoaria do qual Tiago Vieira é co-proprietário, ambos em Lisboa, e durante os quais houve também espaço para perguntas do público.
Trata-se de um espectáculo financiado pelo Governo de Portugal/Secretaria de Estado da Cultura/DGArtes, organizado no âmbito do projecto de Miguel Bonneville “A importância de ser” que, segundo o artista, se insere “num projecto de espectáculos concebidos em série, partindo da vida e da obra de artistas cuja relevância tenha sido vital no meu percurso artístico.”
As duas primeiras edições da performance “A importância de ser” foram dedicadas ao cineasta António de Macedo e à escritora Simone de Beauvoir, entre os anos de 2013 e 2015.
Miguel Bonneville justifica na sua apresentação a transição da escritora Simone de Beauvoir para Agustina Bessa-Luís pelo facto de “não só de ambas escreverem sobre a condição feminina numa cultura severamente patriarcal, mas também pelas suas histórias intemporais nas quais abordam, de formas muito distintas, a busca pragmática de quem somos. (…) Tomo então como ponto de partida para este projecto a procura das raízes profundas do que é ser português, através das obras de Bessa-Luís, e da caracterização que esta faz de personagens em choque permanente com a sociedade em que vivem.”
A escritora Agustina Bessa-Luís chegou a escrever sobre Beauvoir por ocasião da sua morte em Abril de 1986 que “a sua obra descreve, toda ela, ‘o escândalo da solidão e da separação’ que foi a sua vida. Mas uma vida é uma vida; merece sempre a confiança que ela sempre acaba por trair.” (“Caderno de Significados”, Guimarães Editores, 2013)
A próxima residência artística será no Espaço Rua das Gaivotas 6, em Lisboa, com o Portas Abertas #3 no dia 28.
“A importância de ser Agustina Bessa-Luís” tem estreia prevista no dia 8 de Janeiro de 2016, no Teatro Taborda (Lisboa), no âmbito do Festival Temps d’Images.
Crédito fotográfico: Joana Linda