Agustina Bessa-Luís
Agustina Bessa-Luís nasceu em Vila-Meã, Amarante, a 15 de Outubro de 1922.
Do casamento dos seus pais, Artur Teixeira Bessa e Laura Jurado Ferreira, descendeu ainda o irmão mais velho de Agustina, José Artur Teixeira Bessa, falecido a 15 de Fevereiro de 1978.
O pai, proveniente de uma família de lavradores de Vila-Meã, aos 12 anos de idade partiu para o Brasil onde fez fortuna. Anos mais tarde ao voltar para Portugal dedicou-se à gestão de empresas de espectáculo e jogo no Porto e na Póvoa de Varzim.
A mãe era filha de uma senhora espanhola de Zamora e de um português, engenheiro dos Caminhos de Ferro, nascido em Loureiro, Peso da Régua.
As contingências da vida do pai de Agustina levaram a família a mudar por diversas vezes de terra. Viveram em Gaia, no Porto, na Póvoa de Varzim, em Águas Santas, em Bagunte, Vila do Conde e em Godim, no Douro, naquela que era a casa de família da sua mãe. Mas seria essencialmente a relação com a região duriense, durante largas temporadas da sua infância e adolescência, que viria a marcar fortemente a obra da escritora.
Desde criança que se manifestou o seu gosto por escrever histórias e pela leitura começando pelos livros da biblioteca do avô materno, Lourenço Guedes Ferreira. Foi através destes que tomou contacto com alguns dos melhores escritores franceses e ingleses que lhe despertaram a arte narrativa. Na juventude chega a escrever dois romances com o pseudónimo de Maria Ordoñes: o primeiro Ídolo de Barro, que não publica, e o segundo Deuses de Barro do qual desapareceu o manuscrito mas existe o datiloscrito tendo sido publicado em 2017.
A 25 de Julho de 1945 casou com Alberto Luís, no Porto, que conhecera através de um anúncio de jornal posto pela escritora procurando pessoa culta com quem se corresponder. Alberto Luís era estudante de Direito em Coimbra onde residiram enquanto o marido acaba o curso, mudando-se depois para o Porto onde fixaram residência a partir de 1950, com um intervalo de três anos em que residiram em Esposende.
Estreou-se como romancista em 1948 com a novela Mundo Fechado, que já foi notada por Aquilino Ribeiro e pelo poeta Teixeira de Pascoaes numa carta que lhe escreveu pouco antes de morrer que só chegou ao conhecimento de Agustina dois anos depois da morte de Pascoaes. Seguiu-se a obra Contos Impopulares escritos entre 1951-1953.
Foi em 1953, com o romance A Sibila, ao qual foi atribuído o prémio Delfim Guimarães e Prémio Eça de Queiroz, no ano seguinte, que Agustina Bessa-Luís foi reconhecida como uma das vozes mais importantes na ficção portuguesa contemporânea. Desde então manteve um ritmo de publicação de uma obra por ano, pouco comum nas letras portuguesas.
Algumas das suas obras foram adaptadas ao cinema nomeadamente por Manoel de Oliveira com quem colaborou com assiduidade escrevendo os diálogos de guiões, ou acompanhando a adaptação de romances seus ao cinema. A primeira adaptação de Manoel de Oliveira de um romance de Agustina foi Francisca, inspirado em Fanny Owen (1980). Seguiu-se Vale Abraão (1991/1992), O Convento, inspirado no romance As Terras do Risco (1995), Party, cujos diálogos foram integralmente escritos por Agustina (1996); Inquietude (1998) inspirado no conto A Mãe de um Rio (1959); O Princípio da Incerteza (2001); O Espelho Mágico, adaptado do romance A Alma dos Ricos (2005). Em 1981 Agustina escreveu o texto que acompanha o filme Visita ou Memórias e Confissões, realizado por uma equipa reduzida por ocasião da venda da casa da Vilarinha no Porto, de Manoel de Oliveira. O filme-testamento seria exibido após a morte do cineasta.
Em 2009 o cineasta João Botelho adapta a obra A Corte do Norte e Rita Azevedo Gomes adaptou em 2018 o texto A Portuguesa, de Agustina a partir de um texto de Robert Musil.
Escreveu textos para teatro na televisão e outros adaptados ao teatro. Na televisão colaborou no programa Ela por Ela (2006) em parceria com Maria João Seixas e realização de Fernando Lopes.
Agustina tornou-se conhecida não só como romancista, mas também como autora de peças de teatro, guiões para cinema, biografias, ensaios e livros infantis.
Participou em numerosos colóquios e encontros internacionais, e realizou conferências em Universidades um pouco por todo o mundo. Foi ainda membro do Conselho Directivo da Comunitá Europea degli Scrittori (Roma) (1961-1962) e colaborou em várias publicações periódicas, tendo sido entre 1986 e 1987 directora do diário O Primeiro de Janeiro (Porto).
Entre 1990 e 1993 assumiu a direcção do Teatro Nacional de D. Maria II (Lisboa) e foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Foi membro da Academie Européenne des Sciences, des Arts et des Lettres (Paris) e da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa (Classe de Letras). Recebeu diversos prémios, distinções e Doutoramentos Honoris Causa.
Faleceu na sua casa no Porto a 3 de Junho de 2019.