"O que se pode dizer de um pintor, de um escritor, é infinito. É como um risco de luz feito no espaço e que vai iluminando espaços que não pertencem às trevas. Têm uma luz própria mesmo antes de serem iluminados. O que fazemos é separar os diversos pólos de luz. Deus não separou a luz das trevas quando criou o mundo. O que fez foi estruturar um espaço e dar a cada organismo uma capacidade de informação que é a luz de cada um.
A obra de Paula Rego tem o poder de controlar a luz universal das coisas. Nunca diz “eu amo”, mas sim “eu creio amar”, o que é mais forte e, sobretudo, não é de todo feminino. A distância que está manifesta na sua vida, vida educativa, familiar, amorosa, contém essa sensibilidade moral. “Eu creio amar”. Tudo parte daí."
(Agustina Bessa-Luís, As Meninas, Três Sinais Editores, 2001)
Imagem: Fragmento de cerâmica grega com a assinatura de Agustina.